Bom dia Carolei, te desejo um dia maravilhoso. Para
quem não sabe, Carolei significa Caro Leitor, uma forma carinhosa de nos
relacionarmos. Hoje estarei escrevendo sobre a cobiça e a inveja. Já foi
postado um texto sobre o ciúme e hoje o tema é a cobiça e a inveja. O que vem a
ser estes sentimentos? Se o ciúme é o medo de perder, a cobiça é a vontade de
querer o que o outro tem e a inveja é não querer que o outro tenha. Olha que
coisa curiosa, no ciúme eu não quero perder o que tenho, na cobiça eu anseio em
ter o que o outro tem e na inveja eu não quero que o outro tenha, independente
de eu ter ou não. Na inveja a pessoa não dá conta do sucesso do outro. É, é
isto mesmo, quanta gente que não dá conta de ver o outro bem-sucedido, não é
mesmo?
- · Ciúme: é querer manter o que se tem.
- · Cobiça: é querer o que não se tem.
- · Inveja: é querer que o outro não tenha.
Dos três, com certeza a inveja é mais pesado, destrutivo,
pois eu torço para o outro se dar mal. A unidade fundamental da inveja é a comparação e a
comparação leva naturalmente ao julgamento. Inveja, portanto, é a dificuldade
de lidar com o brilho do outro. Já o cobicento se incomoda ao perceber que
alguém é melhor que ele. A nossa educação e cultura não nos leva a sermos
empáticos com o sucesso do outro, mas “solidários” no câncer, no sofrimento e
no fracasso do outro. Enfim, para a nossa sociedade, ser bonzinho é estar junto
na desgraça. A cobiça é a trilha insuportável daquilo que vejo no outro e que
não se concretiza em minha vida. Por vezes a cobiça é o sentimento de raiva
causado pelo fato da outra pessoa possuir e desfrutar de algo que eu desejo. No
fundo tanto o cobicento quanto o invejoso não conseguem lidar bem com a
ambição, tão necessária e importante em nossa vida. Olha mais um tema futuro
para a gente aí, heim? Escreverei mais na frente sobre ambição versus avareza.
Tema legal.
Vivemos
em uma cultura ciumenta, cobicenta e invejosa. A inveja, o mais forte dos três
sentimentos, no entanto, tem que ser camuflada, escondida, não podendo ser
revelada como fato e realidade. Assim, sempre o invejoso é o outro, ou a outra
cidade e o outro país. O fato é que a maioria das pessoas não percebe a inveja
dentro de si.
A inveja
é um dos grandes males da sociedade, é um mal-secreto e todas as pessoas tentam
trancafiar sua inveja dentro de um baú, com um cadeado forte.
A inveja
impede ou diminui a motivação, que é uma ação em que a pessoa está focada em
si, nos seus objetivos, aonde quer chegar, centrado em tarefas de
autodesenvolvimento pessoal e profissional. Mais na frente escreverei sobre a
motivação, é um tema fantástico. A inveja é o instrumento do perdedor, que vive
fofocando sobre a vida dos outros. Um indivíduo sem inveja faz das fezes, a
princípio material sem nenhuma valia e desmotivadora em sua essência, um bom
esterco que poderá propiciar, como resultado, belos jardins e belas flores. Por
acaso você está lembrado (quem tem mais de quarenta lembra, hehe!) de um
seriado que passou na TV chamado Dona Beija? Tem uma cena muito legal em que
uma dama da sociedade envia merda para a cortesã Dona Beija. Isto mesmo, mandou
literalmente merda de presente para ela. Dona Beija recebeu o presente,
utilizou a merda como esterco para sementes que geraram flores muito bonitas e
devolveu o presente para a dama da sociedade com o seguinte dizer: “Seu
presente me ajudou a cultivar estas lindas rosas. Cada um dá o que tem”. Legal,
não é mesmo? Bom, o invejoso dirá que o jardim e as flores tiveram uma matéria
prima duvidosa.
A inveja
está presente nas empresas, nas escolas, nas festas, em todos os grupos de
pessoas. O cobicento acredita que a única possibilidade do seu sucesso é a
derrota do outro, ou quando ele suplantar o outro, vive a fantasia de ser
melhor que o outro. Galera, pensa um pouco, reflete com precisão! Viver é se
relacionar com pessoas que são melhores que a gente em um monte coisas como
somos melhores que elas em um monte de outras coisas. Não temos que ficar nesta
pilha! Relacionar é a arte de aprender constantemente e nos tornarmos melhores
incessantemente.
Veja bem! Melhores que a gente mesmo e não melhores que os outros.
Assim
como o invejoso, o cobicento se compara o tempo todo com o outro, com o que ele
tem e que o outro tem de melhor, com o que ele não tem e que o outro tem, com o
que ele tem e que o outro não tem. A fala normalmente vai na seguinte linha: “Eu
mereço este cargo que pertence ao outro.” “É injustiça eu não ter este cargo”. “Aquele
colega puxa o saco daquele professor.” E, assim, o cobicento e o invejoso vão
cavando duas sepulturas, uma para o outro e outra para si mesmo.
A cobiça
e a inveja é um fenômeno cultural e, impressionantemente, podemos dizer que oitenta
por cento das pessoas, em maior ou menor grau, sofrem desta mazela. Os meios de
comunicação reforçam e instigam a inveja nos seres humanos 24 horas por dia. Imaginem
esta propaganda: Um galã de cinema, alto, sarado, bonitão fazendo uma
propaganda de um whisky de qualidade mediana. As imagens mostram o ator em uma
praia, próximo de sua Ferrari conversível, com uma linda mulher maravilhosa e
de curvas perfeitas do seu lado. Observe que para a maioria dos telespectadores
masculinos, ser aquele galã, ter aquela mulher e aquele carro, é algo
impossível. A cobiça já está instalada pela impossibilidade de ter algo que o
outro tem e pela vontade de querer ter. Mas o telespectador é pego pelo
inconsciente e sem pensar, raciocinar, elaborar, age no sentido de comprar o
whisky anunciado. A ideia é a seguinte: se não posso ser aquele galã de cinema
e nem ter aquela mulher que está do lado dele, muito menos ter aquele carrão
super caro, pelo menos o whisky eu posso ter. E quando estiver tomando o whisky
acreditará estar tomando o melhor whisky do mundo e se sentirá tendo tudo aquilo
que o ator tem na propaganda. Esta é a ideia da cobiça.
Uma
outra propaganda de sabonete mediano, dizia que nove entre dez estrelas do
cinema usavam aquele determinado sabonete. E eles mostravam uma estrela do cinema
super bonita e super famosa em uma banheira maravilhosa com espuma, etc. Imagine
bem, a dona de casa, em sua simples casa em determinada favela, fazendo seu
almoço, com a TV ligada e vendo esta propaganda. Ela, vendo essa propaganda é pega
pelo inconsciente que atua da seguinte forma, não chega nem a ser um pensamento:
“É..., a banheira eu não posso ter, deve ser mais cara que dez vezes meu
barraco, o banheiro dela é umas três vezes meu muquifo, ser bonita como esta
mulher também é muito difícil, mas o sabonete eu posso comprar”. E ao usar o
sabonete ela se sentirá a própria estrela do cinema. No entanto, quando cair em
si e perceber que nunca vai ser ou ter as coisas que estão na propaganda, a
pessoa começará um movimento destrutivo em relação aquelas pessoas que lhe
provocaram esta frustração. Observe a cobiça se transformando em inveja?
A cobiça e a inveja podem ser
imediatamente detectadas pelo sentimento de comparação em que há a
desqualificação pelo produto ou pela natureza da outra pessoa, tais como:
“Fulano pode ser competente mas é gay”, “Ciclana é bonita mas é perua”, “Ele é
bom mas é negro”, “Ela samba bem mas é muito branca”, “se ele é rico é porque ele roubou” e assim
por diante. O querer, então, do invejoso, é destruir o outro.
Pessoal, meu querido Carolei, amanhã
estarei postando sobre o antídoto da cobiça e da inveja, não percam e forte
abraço.
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