Hoje
Carolei[1] te
convido a refletir sobre o relacionamento frescobol e o relacionamento tênis.
Quem criou esta reflexão foi o saudoso Rubem Alves que aqui presto uma
homenagem. O texto completo e original você encontrará em seu livro “O Retorno
e o Terno”.
Existem
relacionamentos que são tênis e existem relacionamentos que são frescobol. Qual
é a característica do jogo de tênis? Você tem dois jogadores no caso de jogo
simples ou você tem quatro jogadores no caso de duplas. Imaginemos um jogo
simples com um jogador de cada lado da quadra. Os dois estão separados por uma
rede. A ideia é cada um lançar a bolinha no campo do outro. Ganha quem acertar
mais vezes a quadra do adversário e este não consegue rebater a bolinha para a
outra quadra. É importante, no jogo de tênis, você descobrir as deficiências do
outro jogador, suas fraquezas, para impor um jogo mais consistente nestas
deficiências. Da mesma forma o seu adversário estará fazendo a mesma coisa,
observando e tentando jogar a bolinha no local da quadra que você tem mais
dificuldades de jogar. A premissa, portanto, é ganhar o jogo acertando mais
vezes a quadra do adversário que não consegue rebater a bola.
Vamos
agora refletir sobre o jogo frescobol. A diferença para o tênis é a ausência da
rede central. No mais, temos dois jogadores, duas raquetes e uma bolinha. Outra
significativa diferença é que no frescobol os dois jogadores buscam o ponto
forte do outro porque o gostoso é a bola estar sempre indo e vindo o maior
tempo possível. Se um dos jogadores mandar uma bola um pouco ruim, pedirá até
desculpas e tentará melhorar nas próximas jogadas.
Será
que você já intuiu aonde quero chegar com esta história? Então, vamos lá! Como
o tênis e o frescobol, os relacionamentos também passam por este circuito.
Relacionamentos tênis são aqueles que as pessoas ficam se degladiando o tempo
todo, um de olho no defeito do outro e chega até a se vangloriar quando vence
uma discussão ou sai por cima de uma forma ou outra. Os relacionamentos tênis
são assim mesmo, a premissa é vencer e evitar a derrota custe o que custar.
Neste tipo de relacionamento as pessoas não estão interessadas em interagir,
mas sim em vencer o outro, em mostrar sua superioridade. Obviamente que isto
nem sempre ocorre de forma consciente, os prepotentes acham que não têm esta
postura, às vezes arrogante, acreditam que são bons mesmo e que têm de estar
por cima. Pode acontecer também que você não seja prepotente e nem arrogante,
mas acha que tem de fazer valer seus posicionamentos e esquece de escutar o
outro, de ter um senso crítico adequado.
Existem
outros relacionamentos que são frescobol, em que a tônica é a vitória das duas
partes, a intenção é manter a bola em jogo o maior tempo possível. Neste tipo
de relacionamento, um torce pela vitória do outro, pelo sucesso do outro e
sente que o outro também está torcendo pela sua vitória. As conversas neste
tipo de relacionamento são mais prazerosas porque não tem a tônica da disputa,
mas a vontade mútua do crescimento das partes.
Portanto,
se no relacionamento tênis a tensão e o estresse estão sempre presentes, porque
preciso vencer o outro para me sentir melhor, no relacionamento frescobol o relaxamento
e o prazer são fontes de felicidade, pois as partes se esforçam para todos
ganharem.
Pense,
Carolei, sobre como você está desenvolvendo seus relacionamentos. As críticas
excessivas, os julgamentos constantes, as verdades absolutas, os preconceitos,
a busca indiscriminada e sem critérios pelo poder, a prepotência, a inveja, a
avareza, o ciúme, a ganância, a cobiça, a dificuldade de construir a própria
vida pelo esforço pessoal, são elementos que contribuem para o desenvolvimento
do relacionamento tênis.
Por
outro lado, a ambição (não a avareza), a proatividade, a humildade, a
cooperação, o compartilhamento, são aspectos que favorecem o relacionamento
frescobol.
[1] Carolei significa Caro Leitor, uma maneira
carinhosa que encontrei para comunicar-me com você, leitor do meu blog.
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